Meu natal.
Duas
experiências fortes. Situações extremamente díspares entre si, no entanto
revelando a Mesma Graça e Misericórdia.
Minha visinha
tem seus maravilhosos nove aninhos. Idade maravilhosa, lembra?
Em 2011
escrevi na revista o testemunho vivido por seu pai e seu irmãozinho, que
naquela época tinha também seus nove anos.
De manha cruzei com ela
no corredor do prédio e fez questão de me mostrar os presentes que ganhou no
natal. Ela estava tão feliz com sua nova boneca numa bicicleta e com um boneco
que pula e treme. Não estou atualizada, não sei o nome desses brinquedos,
embora tenha feito questão de me explicar: “Sabe, é desses brinquedos que são
feitos em série? Esse faz isso e isso, o outro...” Ela começou dizendo: “Veja o
que papai Noel trouxe pra mim!”.
Enquanto,
sorrindo, me mostrava como ‘aquilo’ funciona, sua mãe me disse: “Deixa eu te contar
essa história. Ela escreveu a cartinha para o Noel, só que não pediu nada, só
agradeceu por tudo o que tem”. Vi alegria, orgulho e uma lágrima no cantinho
dos olhos. “Como uma menina... que menina de nove anos escreve uma cartinha sem
pedir nada, só agradecendo... Só a minha filha!!! Aí, decidimos dar algumas
coisas pra ela”.
Eu me alegrei
com ela. Um coração grato. Um coraçãozinho grato, que maravilha!
Como Deus ama
um coração grato!!!
A pequena
interrompeu explicando seu raciocínio puramente lógico: “Ele tem que olhar para
todo mundo, visitar todas as casas ao redor do mundo numa noite só”, e
desenhando o mundo no ar fez uma carinha que deixava claro: “eu estou bem, não
preciso de nada, tenho tudo o que me faz feliz!”.
Como Jesus ama
um coração grato. Um coração que se reconhece, se percebe feliz com o que tem.
Um coração puro se alegra assim. Não que ela não deseje nada, mas está feliz
com o que tem e sabendo que outras pessoas carecem de tantas coisas, ela está
disposta a abrir mão de maior conforto, de bens e benefícios em prol de delas.
Ela não estava apenas ‘disposta’, do jeitinho dela, na sua inocência, ela realmente
abriu mão.
Eu disse:
“Viu? Jesus não Se esqueceu de você!”.
Fiquei
pensando na alegria de Jesus com esse coraçãozinho lindo!
“O Meu Reino é
dos pequeninos”, diz Jesus, “Não os impeçam de virem a Mim”!
À noite vi um
programa num desses canais a cabo. Mostrava a história de um psicopata, um assassino
em série. Matou e estuprou cerca de oitenta moças e mulheres, num período de
duas ou três décadas, não lembro bem. O requinte de crueldade e frieza
estarrecedor. Depois de tudo, sumia com os corpos e as que eram deixadas ‘para
serem achadas’, foram encontradas com pedras na vagina para que, segundo ele,
ninguém pudesse ‘transar’ com elas. Não sei que verbo usar significando algo muito
além de sexo necrófilo. Graças a Deus, eu não sei e não quero saber. Sem mais
detalhes. Nos poupemos.
Alguém pode estar se perguntando "porque Deus que é Bom deixa que essas coisas aconteçam?". Sem entrar em muitos detalhes, não é o tema aqui, quero apenas dizer que o mundo jaz no maligno. Coisas ruins acontecem no mundo. Coisas boas e coisas ruins acontecem às pessoas. O que importa de verdade é como cada um de nós as vivencia. Com Quem nós passamos por cada uma. Sozinhos e Mal acompanhados ou com o Doador de toda boa dádiva. Nós escolhemos nossa companhia!
Quando pego
confessou os crimes, eu diria, a barbárie. Confessou sem dar detalhes nem o(s)
motivo(s) e nem a localização dos corpos. Estava condenado à pena de morte, mas
para que as famílias achassem os restos mortais de suas entes queridas a pena
foi reduzida para prisão perpétua em troca da informação tão valiosa e
angustiadamente esperada durante tanto tempo. Decidiram, então, estudar o seu
estado de psicopatia e perversidade. E durante seis meses e meio ele foi ouvido
todos os dias durante 12 horas diárias. Lhe faziam perguntas, deixavam que
falassem. Pegaram mentiras e informações importantes.
Os homens que
trabalhavam sobre ele se surpreendiam e chocavam. Um deles disse: “Todos os
dias ele nos dava ‘bom dia’ e ‘boa noite’, como se fosse uma relação de trabalho
e amizade”.
Tudo foi
filmado. Nas cenas e nas falas que editaram para o programa víamos claramente a
frieza e indiferença daquele homem. Não se via uma nesga de arrependimento.
Seus músculos faciais nem se moviam. Víamos também mui claramente o diabo se
enchendo de orgulho. Afinal, ele estava sendo estudado, havia uma platéia super
interessada em seus feitos e nos detalhes mais sórdidos de seus atos.
Mais
endurecido o homem parecia se tornar. Confesso que fiz algumas especulações
baseadas na Palavra e em alguns testemunhos que ouvi... especulações que não
importam aqui porque tudo besteira. Pensei não se tratar de uma pessoa de
verdade.
Chegou o dia
do julgamento. Ele se declarou culpado dos 52 homicídios que conseguiram ligar
a ele e foivcondenado à prisão perpétua. Quando os crimes são pesados tem-se o
costume de dar a palavra aos familiares das vítimas. O programa nos mostrou
duas pessoas falando. A primeira disse que o odiava pelo que ele havia feito à
moça e à família. Disse que queria que ele apodrecesse no inferno. O segundo
era um senhor de cabelos compridos, brancos e meio desgrenhados. Disse algo
mais ou menos assim: “Você mostra como é difícil fazer o que Deus nos manda
fazer que é declarar perdão a todas as pessoas. Ele não disse que era para
perdoar algumas, mas todas as pessoas. E isso inclui você. Portanto, apesar de
toda a minha dor, eu lhe perdoo em Nome de Jesus”.
Desculpem-me
os irmãos mais sensíveis, não fiquei comovida com o senhor gordinho e
desgrenhado. Fiquei orgulhosa de meu irmão. Contudo, fiquei maravilhada porque
vi que havia um homem escondido naquele serial killer. Assim que o senhor de
cabelos brancos se levantou, (e ainda nem tinha começado a falar), o rosto
daquele psicopata endemoniado mudou. Quando o som de sua voz começou a se
espalhar pela sala, ele desabou, chorou fortemente.
Eu vendo o
programa, chorava junto. Primeiro de tristeza pelo que cheguei a pensar e
especular. E também primeiro de alegria porque, pelo menos, durante aqueles
seis meses e meio falando, contando, mentindo, revivendo aquela nojeira toda,
Deus estava trabalhando em seu coração. Deus encontrou espaço no meio de tanto
lixo. Ele sempre encontra. Um coração quebrantado, arrependido Deus não
resiste. Ainda que ninguém estivesse vendo, ainda que ninguém quisesse ver,
ainda que todos reforçassem sua máscara de louco, perverso e incurável. Deus
estava lhe dizendo “Há uma Saída. Eu Sou a Porta. Quem passar por essa Porta,
sairá, entrará e lhe será servido um banquete”.
Quando aquele
senhor meio descabelado pelas muitas horas na sala do julgamento... Que horas
foram para ele. Dor, desejos, sua alma angustiada, o Senhor lhe falando ao
coração: “Abra o coração e os lábios, declare perdão”. Que senhor valente! Que
escolha linda ele fez! Que filho Amado! Quanta alegria deu ao Pai!
Quando aquele
senhor abriu sua boca e deixou que Deus falasse por ele... Que loucura! Que
maravilha! Festa no céu! Aquele demônio teve que sair, a sua máscara caiu.
Aquele senhor mostrou que sabia que não fora o réu que matou sua filha, mostrou
que sabia que ele tinha sido usado. E dizendo isso desbancou o diabo. Porque há
Poder no Sangue de Jesus! Há Poder no Perdão! Que arma! Que Poder! Que
Misericórdia!
Graça sobre
Graça!
Contra o
pecado, a Graça. Contra o diabo, a Graça!!!
Poder de Deus!
Misericórdia de Deus!
Duas situações
tão diferentes. Um coraçãozinho grato e doce. Um coraçãozinho sufocado pelo
Mal.
A mesma lição: Deus É Bom e Sua Benignidade dura para sempre.
Denise Gaspar
29-12-2013