domingo, 14 de março de 2010

Perdão e reconciliação 1

Simon Wiesenthal sobreviveu aos campos de concentração, mas oitenta e nove membros de sua família morreram nas mãos dos nazistas. Desde aquela época ele dedica grande parte de seu tempo a descobrir onde estão os ex-nazistas e os criminosos de guerra. As pessoas lhe perguntam, com freqüência, sobre essa obsessão: por que caçar homens de setenta e oitenta anos, por crimes que cometeram há meio século? Não há perdão para eles? Nenhuma forma de reconciliação? As respostas dele foram apresentadas em um livro fino, mas poderoso, intitulado The Sunflower, (O Girassol).

O livro começa com a história assombrosa, lembrança de um acontecimento da época em que Wiesenthal estava preso. Ele foi escolhido, por acaso, no meio de um grupo que trabalhava. Puxado para o lado, foi levado por uma escada até um corredor do hospital. Uma enfermeira o conduziu até um quarto escuro e o deixou sozinho com uma figura deplorável, envolta em panos brancos, deitada em uma cama. Era um oficial alemão, gravemente ferido, embrulhado em bandagens manchadas de amarelo. O rosto estava totalmente coberto por gaze.

Com voz fraca e trêmula, o homem passou a fazer um tipo de confissão solene. Contou sua infância e os primeiros dias no movimento da Juventude hitlerista. Narrou a ação na fronteira com a Rússia e as medidas cada vez mais terríveis que a unidade da SS a que ele pertencia adotava contra a “gentalha judia”. Depois, contou uma atrocidade terrível, quando a unidade reuniu todos os judeus de uma cidade, colocou-os em um prédio de madeira e pôs fogo. Alguns dos judeus, desesperados, com a roupa e o cabelo em chamas, pulavam do segundo andar, e os soldados da SS – ele inclusive – atiravam neles enquanto caíam. Passou a falar de um menino em particular, com cabelo preto e olhos escuros, mas sua voz falhou.

Wiesenthal tentou sair do quarto várias vezes, mas a cada tentativa a múmia estendia a mão fria e pálida e o detinha. Finalmente, depois de quase duas horas, o alemão explicou por que convocara o prisioneiro judeu. Perguntara à enfermeira se ainda havia judeus vivos, e, se houvesse, queria que trouxessem um até o seu quarto para uma última providência antes de morrer. Então, disse ao prisioneiro:

“Sei que o que vou pedir talvez seja demais para você, mas sem sua resposta não posso morrer em paz”.
E pediu que Wiesenthal o perdoasse por todos os crimes que cometera contra os judeus. Implorava perdão a um prisioneiro que poderia, no dia seguinte, morrer nas mãos de seus companheiros da SS.

Wiesenthal permaneceu em silêncio por algum tempo, olhando fixamente para o rosto enfaixado do homem. Por fim, tomou sua decisão e, sem dizer uma palavra sequer, virou-se e saiu do quarto. Deixou o soldado com seu tormento, sem perdão.

No livro ele dedica noventa páginas a esta história. Nas outras 105, dixa que outros falem. Enviou a descrição do fato a trinta e dois pensadores – rabinos judeus, teólogos cristãos, filósofos seculares e estudiosos da ética – e pediu que dessem sua opinião. Queria saber se agira corretamente, ou se deveria ter perdoado o criminoso moribundo. A grande maioria respondeu que ele estava certo ao deixar o soldado sem perdão. Apenas seis pessoas acreditavam que erraram.

Alguns dos que não eram cristãos questionaram toda a noção de perdão. Consideraram-no um conceito irracional cujo único resultado é permitir que os criminosos escapem do castigo, perpetuando, assim a injustiça. Outros concederam um lugar para a existência do perdão, mas classificaram os crimes nazistas como hediondos, além de qualquer possibilidade de perdão. Os argumentos mais persuasivos partiram de duas pessoas que insistiam em que o perdão só pode ser concedido pela própria pessoa que sofreu a injúria. Perguntaram que direito moral teria de conceder o perdão em nome dos judeus que haviam morrido nas mãos daquele homem.

Não estou preparado para dar a resposta ao dilema terrível com a qual Simon Wiesenthal foi confrontado naquele quarto de hospital. Quanto mais não seja, as trinta e duas respostas provam que não há resposta simples para esta questão. Mas a Bíblia, na realidade, acrescenta um desdobramento interessante a um dos aspectos do dilema, com relação a um termo teológico antiquado que surge por todo o livro de Wiesenthal: “reconciliação”. Uma frase do livro de II Coríntios nos convence de que temos, de fato, o direito de conceder perdão em nome de outra pessoa. Nessa passagem, Paulo anuncia que Deus nos deu o “ministério da reconciliação”. E ele prossegue:

De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus. (2Co5:20).

Paulo baseia o “ministério da reconciliação” no exemplo de Jesus, que, voluntariamente, levou nossos pecados, de forma que podemos, através d’Ele, atingir a retidão de Deus.

Que significa ser ministro da reconciliação, embaixador de Cristo que proclama o perdão àqueles que pecaram contra outras pessoas que não você mesmo? Alguns cristãos vêm-se esforçando para colocar a reconciliação em prática ido, como “Testemunhas pela Paz”, a locais de conflito na América Central e no Oriente Médio, colocando-se, deliberadamente, na linha de fogo. O bispo Desmond Tutu liderou um grupo da África do Sul, ajudando a trazer a cura àquele país dividido. Nos Estados Unidos, voluntários da Chuck Colson’s Prison Fellowship entram em celas apinhadas de prisioneiros, onde o medo é constante, e proclamam o perdão e o amor àquelas pessoas a quem a sociedade excluiu, taxando-as de culpadas e sem valor.

Algumas igrejas organizaram seus esforços em Ministérios de Evangelismo e de Ação Social. Será que deveríamos pensar em um Ministério da Reconciliação? A necessidade de perdão não se restringe à América Central ou à Irlanda. Sempre que um casamento se desfaz, uma criança é abandonada, a inimizade separa grupos raciais ou sociais, em todas estas situações a reconciliação é necessária: é preciso que alguém tome sobre si a carga dos outros e ofereça o perdão, antes mesmo que o ofensor o peça.

Um homem chamado Will Campbell tomou a frase “Reconciliem-se” como seu lema de vida. Em sua autobiografia, intitulada Brother to a Dragonfly (Irmão de uma libélula), conta que houve um tempo em que seu amor e sua compaixão abrangiam os negros o sul dos Estados Unidos e os oprimidos, mas excluía os trabalhadores braçais brancos da mesma região e os membros da Ku-Klux-Klan. Depois, porém, que três de seus amigos chegados foram assassinados por esta instituição, ele ouviui uma mensagem da parte de Deus que ia contra todos os instintos humanos. Ele deveria ir, como ministro da reconciliação até o grupo que matara seus amigos. Deveria transformar-se, como de fato transformou-se, em ministro para pregar para eles.

Penso que o título de “ministro da reconciliação” era um dos que Paulo chamava sobre si com mais ênfase. E tinha motivos para isto. Tinha, ele também, sua cota de “crimes de guerra”, cometidos contra os cristãos. Deus o perdoou por aqueles crimes, e o apóstolo aos gentios, ao que parece, nunca deixou de lado o sentimento surpreendente de ser reconciliado.

Philip Yancey. Perguntas que precisam de respostas. Ed. Textus.

Perdão e reconciliação 2

Pensarmos sobre o perdão é muitas vezes dolorido e sofrido. Mas à luz da Palavra e da ação de Deus em nossas vidas é uma questão muito simples. Nosso maior exemplo é Cristo.

Cristo nos deixou o maior e verdadeiro exemplo. Ele tomou nosso lugar para nos reconciliar com Deus. Deus não esperou que nos arrependêssemos e nos voltássemos para Ele para, só então, detentor de todo o Poder, nos propiciar ou não o Caminho para a Reconciliação.

Já no Éden, o Senhor anunciou o ato Vicário de Jesus. Antes mesmo que Deus tivesse criado o homem, em Sua Onisciência, Ele já sabia que o homem ia se distanciar d’Ele e que não teria como reconduzir-se a si mesmo para Ele. Então, antes mesmo que houvesse mundo, houve a cruz. Antes mesmo que o homem fosse criado com seu livre arbítrio e antes mesmo que ele escolhesse o caminho errado, o Senhor Deus criou o Ministério da Reconciliação. Pois, Deus estava em Cristo reconciliando o homem com Ele mesmo.

No caso citado por Yancey, (acima),podemos perceber algumas coisas importantes que vão em sentido totalmente contrário aos nossos instintos e à nossa razão.

O soldado nazista morreu no seu tormento, talvez tenha alcançado o perdão de Deus e, assim, o descanso eterno. Um coração quebrantado, arrependido, Deus não despreza.

No entanto, esse senhor judeu que sobreviveu aos horrores do nazismo, permaneceu mais de meio século preso à falta de perdão. Durante todos esses anos, não houve um dia sequer em que sua alma tivesse paz. Todos os dias ele reviveu e ressentiu aquela dor de ter fechado o seu coração a Graça de Deus. Tenha aquele soldado da SS alcançado descanso ou não, (só na eternidade o saberemos ao certo), com certeza, o Simon viveu as dores da amargura todos esses anos. Lembranças que vêm atormentá-lo todos os dias e todas as vezes em que se toca nessa página da História, e no passado da sua vida. O não perdoar é muito pior do que o não ser perdoado. Porque o arrependido alcança Misericórdia, mas o duro de coração, além de ser atormentado pela sua própria dureza, será medido com a mesma medida com que mediu, ou seja, sem Misericórdia.
Denise Gaspar
Jan 09

quarta-feira, 10 de março de 2010

Cristo já fez por você!!!

Cristo já fez por você o que você mesmo é incapaz de fazer.

Nenhum pecador é capaz de ser salvo pelas obras que pratica...ah! Deixe-me dizer que, se você escuta alguém aconselha-lo a fazer algo por conta própria, trata-se e uma crença errônea, pois a Bíblia afirma explicitamente isto: “N’Ele, (em Cristo), também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo”, (Cl2:11). Tudo é feito por nós por Cristo. Esse é Seu trabalho. Devemos reconhecer o que foi feito n’Ele.

O que o Senhor Jesus realizou deve fazer-nos ser perfeitos n’Ele. O Espírito Santo conduz para nosso interior tudo o que está em Cristo. Jesus não apenas morreu, mas também ressuscitou. Quando Cristo morreu, nós também morremos; quando foi ressuscitado, também fomos ressuscitados; quando ascendeu, também ascendemos. A herança que temos n’Ele é, na verdade, muito superior ao que esperamos e imaginamos.

Quando lemos a Bíblia, precisamos tomar nota do seguinte ponto: será que vamos obter o que está em Cristo ou será que já o obtivemos? Certa vez, eu disse a um irmão para que lesse Romanos 6 e descobrisse quanto ele deveria fazer e quanto já tinha obtido com relação à morte e à ressurreição. Ele respondeu que deveria morrer e ser ressuscitado. Assegurei-lhe que minha Bíblia não dizia o mesmo, pois Romanos 6, na minha Bíblia, afirma que ele já havia morrido e sido ressuscitado, e, portanto, tudo o que precisava fazer era consagrar-se a Deus.

O mais essencial é crer na Palavra de Deus. “Quem crê no Filho”, diz a Escritura Sagrada, “tem a vida eterna”, (Jo 3:36). Quando a Bíblia menciona as expressões: “crer em Mim”, “crer em meu Nome” e outras similares, devemos crer em quê? Será que crer no Senhor Jesus não significa crer na Sua Obra? “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus”, (Rm10:17-RC). Se não houvesse Palavra, em que poderíamos crer? A Palavra de Deus traz, para perto de nós, o que está muito distante. Se não guardamos a Palavra de Deus, não cremos. Sem Ela, nossa fé não tem fundamento, mas simplesmente psicológica.

W. Nee. Vida cristã equilibrada. Ed dos Clássicos.