terça-feira, 16 de agosto de 2016

Essa é a revista nº 56. 
Trata do coração limpo, livre do mau que procede do coração, como disse Jesus; 
e livre das aparências.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A dor de Deus

Jesus amado, meu Senhor, eu preciso encontrar em Ti a direção a seguir, porque essa angústia invade meu coração; esse clamor arde em meu coração. 
Não pode ser tudo tão fútil, ter o seu fim em si mesmo, pregar por pregar, fazer por fazer...
Temos que estar cheios do Teu Espírito para que andemos segundo Teu coração para que flua Vida.

Os campos estão brancos, é necessário que os ceifeiros estejam inundados da Tua Graça e da Tua Presença para que Tu faças a obra por nós, através de nós.

Inunda-nos, Paizinho!!!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O que significa ligar e desligar - ESPIRITUALIDADE SUBVERSIVA

R e v i s t a  P I T A D A  D E  S A L

Uma pitada do Evangelho da Graça em sua vida!!!

Ano VII - Nº 48 Mar/Abr 2015. Proibida a venda; distribuição gratuita.



Em verdade vos digo que tudo o que ligares na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por Meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em Meu Nome, ali estou no meio deles. Mateus 18:18-20

Nós examinamos o texto de Mt18:15 -35 e eu disse que o problema está nos versos 18 e 19, onde, após Jesus nos mostrar como se deve proceder com a pessoa que nos ofendeu, Ele diz: “Em verdade vos digo que tudo o que ligares na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. Esse texto é um texto que entra em contradição com todo o ensino do Evangelho se sua interpretação for aquela que a igreja chamou para si.
A igreja chamou para si uma interpretação clerical, que dá aos líderes, aos pastores, aos apóstolos, aos bispos, e outros, o suposto poder de determinar quem está ligado a Deus e quem não está ligado a Deus. A igreja arrogou para si o poder de dizer quem é e quem não é de Deus, quem está e quem não está em comunhão. O que contradiz inteiramente com o espírito do NT.
Em Mateus vemos que tais surtos nos remetem imediatamente à questão da relacionalidade com nosso ofensor. E Jesus diz como proceder: vai sozinho; se ele te ouvir, ganhaste teu irmão... Mas se ele não te ouvir, declara-o publicano e pecador. O conceito de publicano e pecador para os judeus era totalmente diferente do conceito de publicano e pecador para Jesus.
Para os judeus, os publicanos e pecadores eram os outros, os párias; para Jesus, eram aqueles que Ele mais acolhia, com quem mais comia, em cujas casas mais entrava, a quem mais estendia misericórdia. De modo que se eu tomar os judeus como chave hermenêutica, (chave para meu entendimento), para interpretar a expressão “considera-o publicano e pecador” eu terei de pensar com as categorias do farisaísmo que exila, que bane, que diz: com esse aqui eu não falo mais. E isso também contraria o espírito de Jesus, que tinha acabado de dizer a João (que queria fazer descer fogo dos céus sobre os samaritanos): você não sabe de que espírito é, porque o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens e, sim, para salvá-las. É nesse contexto que aparece essa história de que “o que ligares na Terra terá sido ligado nos céus, e o que desligares na Terra terá sido desligado nos céus”. Esse é o texto usado de maneira absolutamente áurea, desgraçadamente áurea, pela igreja, pelo cristianismo, nesses mil e setecentos anos, para a usurpação de poder que criou essa exacerbação de tiranias, de despotismos, de perversidades, de ações contra o próximo; baseado em caprichos papais, ou bispais, ou cardinais, ou supostamente apostolares.
Então, nós percebemos que o sentido não poderia ser o considerar desprezível o publicano e pecador que não fez a viagem da consciência até o fim, se a nossa chave hermenêutica é Jesus, se Ele é o Verbo encarnado e se é a partir dEle que eu entendo o Evangelho. Ora, se o meu eixo não é a interpretação dos judeus sobre os publicano e pecadores, e, sim, a interpretação de Jesus em relação a eles, o que Jesus estaria dizendo é: se esse indivíduo que o ofendeu, e que você já tem de perdoar de saída, não fizer a viagem da graça em favor dele mesmo, trate-o, daí para frente, com aquela misericórdia e com aquele carinho que vocês Me viram tratando a todos aqueles que eram considerados párias pelos judeus, ou todos aqueles que se fazem párias pelo distanciamento, pelo desvinculamento. Ou seja, qual é o tratamento? É de mais amor, mais graça, mais misericórdia; a menos que esse indivíduo seja alguém que queira perverter o Evangelho para a comunidade, desviar a consciência das pessoas do bom e reto caminho do Evangelho. Aí, nesse caso, anunciar-se-ia isso à comunidade apenas dizendo: Olhem, já não é mais uma questão de ofensa pessoal – isso está tudo resolvido e perdoado -, é o ensino que se tornou corruptível; por isso, cabe a nós, como vigilantes e guias das vossas almas, dizer que essa pessoa não está ensinando aquilo que fará bem. É o máximo a que se pode chegar. Mas isso não exclui o amor, a misericórdia, a graça.
O cristianismo entendeu que esse seria um texto que faria Jesus entrar em contradição consigo mesmo, o tempo todo, pois foi ele quem disse: não julgueis para que não sejais julgados.
Foi Ele quem disse para que ninguém tentasse separar o joio do trigo, porque ninguém tem o discernimento das naturezas essenciais. Chegaria a hora em que o Pai mesmo providenciaria essa separação; Jesus não delegou isso a ninguém. Será trabalho de anjos em um determinado tempo, jamais de homens.

Jesus foi claro; não arranquem o joio, não separem, não façam assim, porque ninguém conhece as naturezas, e as aparências enganam. Às vezes, é um trigo que está vivendo um momento de joio, e então podem arrancar uma boa natureza.  E nós vimos que seria uma contradição ainda maior também porque Pedro, entendendo isso como sendo algo que tinha a ver com uma responsabilidade que Jesus dava – de ligar sempre, de manter o coração sempre vinculado ao amor, à graça, ao perdão, à misericórdia -, não entendeu como uma prerrogativa de superioridade. Pedro entendeu como um mandamento de perdão. Ele entendeu que se andasse no caminho conforme o Evangelho que fosse falar com o irmão que o havia ofendido já no espírito da cruz, dizendo: Pai, perdoa-lhe, porque ele não sabe o que faz. Numa tentativa de ganhar a alma, o coração, a consciência de um irmão, mas não para decidir se perdoaria ou não perdoaria aquele indivíduo. Pedro já havia aprendido com Jesus que o indivíduo, convertido ou não, teria de ser perdoado.
Então, nós vimos o que esse texto não é. Ele não é um texto que concede a alguém – a nenhum grupo de dois, de três, de dez, seja lá de quantos forem o poder, na Terra, de determinar quem está ligado a Deus e quem não está ligado a Deus. Seria uma contradição com o ensino inteiro do Novo Testamento, que diz que há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, o Homem. Seria uma contradição com o espírito do Evangelho, que diz que ainda que um grupo humano inteiro resolva demonizar alguém e nunca perdoar, por qualquer que seja a veneta religiosa que neles dê, isso não alterará em absolutamente nada a sua relação com Deus; porque é Deus quem o justifica.
Vamos tratar do que o texto de fato significa, quando diz: “Aquilo que ligares na Terra terá sido ligado nos céus, e aquilo que desligares na Terra terá sido desligado nos céus”. O contexto antecedente tem a ver com reconciliação com o irmão, e o contexto que o sucede afirma a necessidade do perdão em razão da graça descomunal que recebemos. Porque, como diz Paulo: “Fiel é a Palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo morrer pelos pecadores, dos quais eu sou o principal”. Quem se sabe dos pecadores o principal, sabe-se também dos pecadores o que mais tem que perdoar. Para sempre. Aquele que se sabe dos pecadores o principal não é porque entrou num concurso de pecaminosidade; é porque ganhou a consciência da sua própria natureza e chama para si as implicações de dizer; eu me incluo entre todos os que igualmente pecaram e carecem da Glória de Deus; e careço mais que todos, porque dos pecadores eu sou o principal. Nesse pecado superabunda a graça dessa consciência sincera, de quem já está justificado para todo o sempre. Paulo diz que não há poder no céu, na Terra, nem em dimensão alguma que possa se opor e se interpor a esse Amor de Deus, que se vincula a nós pela fidelidade dele conosco. E uma vez que isso está estabelecido, nós vimos que a vocação do discípulo é para declarar o mundo inteiro perdoado.
Toma a tua cruz e segue-me significa dar o primeiro passo da cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. A vida do discípulo é vida de perdão; do contrário, Jesus não diria para amar até o inimigo, para orar por quem o persegue. A vocação do discípulo é esta. Ele não deve ter nenhuma caixa para guardar amarguras ungidas; não deve ter dentro de si qualquer reservatório para aconchegar as ranzinzices, as feiuras, os ódios, as vinganças, mesmo que o outro seja um recalcitrante.
O Evangelho não criou esse lugar no coração do discípulo e jamais criará. A religião, sim. A religião tomou para si o direito de dizer que, de uma determinada hora em diante, não devemos mais orar pelo inimigo; não devemos mais amar aquele que nos persegue; que de uma determinada hora em diante, nós viramos judeu, e devemos declarar o outro publicano e pecador e o expulsar de nosso meio. De uma determinada hora em diante, ganhamos permissão para deixar o Evangelho de lado e praticar as nossas processualísticas de rito, de disciplina romana. Mas tudo isso é contradição total com o espírito do Evangelho.
Então, o que Jesus está querendo dizer com “o que ligares na Terra terá sido ligado nos céus, e o que desligares na Terra terá sido desligado nos céus”? Tem a ver comigo em relação ao outro? Ou será que, antes de qualquer coisa, isso tem a ver comigo em relação a mim?
Note que, logo depois, Jesus falou: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou no meio deles”. E Ele prossegue, dizendo que o que dois ou três concordarem a respeito do que pedirem ser-lhes-á concedido pelo Pai que está nos céus. A palavra usada por Ele, “concordarem”, é a mesma palavra para designar uma sinfonia; para designar algo harmonioso, que está sob a batuta do maestro do Evangelho: Jesus. Está tudo muito harmonioso – amor, graça, perdão, os tenores da misericórdia, os baixos da gravidade do amor de Deus.
A sinfonia: Onde dois ou três estiverem reunidos de fato em Meu Nome... E “Em Meu Nome” não significa apenas dizer: estamos aqui em nome de Jesus. Em muitos lugares leem o Evangelho – estão reunidos em nome de Jesus e o nome que está sendo invocado lá é o de Jesus. Mas ali está um antijesus, que não tem nada a ver com Jesus. Então, quando diz “reunidos em Meu Nome” significa dizer: reunidos no Espírito de Jesus, reunidos conforme o ensino de Jesus, conforme a compreensão da graça, da misericórdia e conforme a atitude de discípulo que todos devemos ter – que não é diferente da atitude de Jesus. Os discípulos estão sendo chamados é para seguir a Jesus. E estar reunido em Nome de Jesus é dar razão ao Evangelho – não contra alguém; é dar razão ao Evangelho em favor da vida. Estar reunido em Nome de Jesus é aquela atitude comunal, que pode ser de dois, de três, de tantos quantos sejam, mas tem o acordo com o mandamento do Evangelho. E Jesus disse: O meu mandamento é amor, é amem-se uns aos outros como eu vos amei – esse é o mandamento que Eu dou.
Então, ninguém tem de fazer mais nenhuma viagem bruxa. O que Jesus está dizendo é: se o acordo do amor estiver prevalecendo, se a sinfonia da graça estiver tocando entre vocês, se o mestre da regência dessa harmonia for o espírito do Evangelho, então, qualquer coisa que vocês pedirem, irão pedir com amor, como graça, e nunca como maldição. Ninguém jamais deverá se reunir para pedir uma providência súbita e rápida para destruir a vida de alguém, porque essa pessoa estaria tentando acabar com a vida dele. Nunca! O espírito do Evangelho tem de ser o de Jesus, o estímulo é para seguir os seus passos. Em Jesus não vemos nada disso, nem na hora de sua morte. Quando Pedro corta a orelha de um inimigo, Ele cura. Ele trai a fidelidade de Pedro, para não trair o Evangelho. A fidelidade de Pedro era instintual, animal, leonina. Jesus cura Malco e afirma o Evangelho sobre Pedro. Imagine se fosse dado a Pedro esse poder de ligar e de desligar: ele desceria a espada; não iria nem deligar. Cortaria ao meio. Faria o que o cristianismo fez. Isso é óbvio e simples de entender, quando olhamos para Jesus, quando Ele é a nossa chave interpretativa de todas as coisas, quando tudo tem de fazer sentido com Jesus e com o Evangelho!
Então, o que Jesus está dizendo é que se entre nós prevalecer o espírito do amor e da graça do Evangelho, se houver essa sinfonia de comunhão no amor de Deus, “tudo o que pedirem ser-lhes-á concedido”. Inclusive podemos orar por esse indivíduo que disse não à oferta do amor e crer no molestamento da graça de Deus com ele. Não para destruí-lo, mas para trazê-lo à consciência. Se mesmo aquele que está desligado da graça de Deus for objeto das nossas orações pedindo graça de Deus sobre ele, a graça de Deus sobre ele estará. Não é o mesmo princípio que Paulo usa em relação à mulher casada com o marido incrédulo, ou totalmente pagão, ou hostil, e vice-versa? Quando Ele diz: por causa do crente, daquele que se santifica na vontade de Deus, o outro é santificado. O princípio espiritual enunciado é esse.
Portanto, esse exercício de ligar é o exercício do perdão contínuo. Toda vez que perdoamos aquele que nos ofende, nós o religamos. E sempre que não perdoamos aquele que nos ofende, nós nos desligamos. Temos o poder de nos desligar, mas não temos o poder de desligar ninguém. Temos o poder é de nos religar aos outros, perdoando-os, mesmo que os outros não queiram se religar a nós. “Eles não sabem o que fazem” é o primeiro mandamento do discípulo levando a cruz. Além disso, qualquer outra perspectiva que sugira desligar alguém, apagar o nome de alguém do Livro da Vida, é antievangelho, é blasfêmia, é pecado.

O Evangelho não segue a lógica dos direitos humanos; a lógica do Evangelho é a Graça de Deus!!!

Então, o que significa “o que ligares na Terra terá sido ligado nos céus, e o que desligares na Terra terá sido desligado nos céus” senão que, de fato, recebemos a missão de viver ligando na Terra até aqueles que a Deus não querem se ligar? A nossa vocação sacerdotal no amor, segundo o Evangelho, é ligar os desligados, é praticar a violência do amor que liga até o alienado; é fazer o que João disse: mesmo que ele tenha pecado, rogue por ele. Rogue por ele, porque o amor cobre multidão de pecados. Paulo disse: cada um tem um Pai, tem um Senhor. Se fica em pé, para o Senhor está em pé; se cai, para o Senhor, caiu. A nossa vocação na Terra é para ligar. Quando achamos que temos o poder de desligar, Jesus diz: você não sabe de que espírito é. O Filho do Homem não veio para destruir, veio para salvar. Somente quem pode dizer “quem não é por Mim é contra Mim, que comigo não ajunta, espalha” é Jesus. A nós outros Ele nos deu o poder da relatividade de dizer: quem não é contra nós já está a nosso favor.

O Evangelho é outro departamento. Por ele, só vence quem perdoa. O vencedor é o que sai perdoando tudo; é um trator do perdão, na Graça de Deus, na Terra. Esse é o espírito do Evangelho.