sexta-feira, 20 de abril de 2012

Oração em favor da igreja

“Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do Teu servo e as suas súplicas e sobre o Teu santuário assolado faze resplandecer o rosto, por amor do Senhor”, (Dn9:17).
Esse homem de coração veraz não vivia para si. Daniel era ardoroso amante de seu país.Sua oração é instrutiva para nós.Ela sugere nossas ferventes súplicas a favor da igreja de Deus, nestes dias.
I – O LUGAR SANTO “TEU SANTUÁRIO”.O templo era típico, e, para nossa edificação, deveremos ler o texto como se ele quisesse significar a casa espiritual. Há muitos pontos no símbolo que são dignos de nota, mas estes podem ser suficientes:
1. O templo era único e, como só podia haver um templo para Yahweh, assim também há apenas uma igreja.
2. O templo resultou de grande custo e vasta mão de obra; assim também foi a igreja edificada pelo Senhor Jesus, a um custo que jamais pode ser avaliado.
3. O templo era o santuário da habitação de Deus.
4. O templo era o lugar onde Deus era adorado.
5. O templo era o trono de Seu Poder: Sua Palavra provinha de Jerusalém; ali Ele governava Seu povo e destroçava Seus inimigos.
II – A ORAÇÃO FERVOROSA. “SOBRE O TEU SANTUÁRIO ASSOLADO FAZE RESPLANDECER O ROSTO”.
1. Ela estava acima de todo egoísmo. Essa era sua única oração, centro de todas as suas orações.
2. Ela se lança sobre Deus. “Ó Deus nosso”.
3. Era uma confissão de que ele nada podia fazer de si mesmo. Homens honestos não pedem a Deus que faça o que eles mesmos podem fazer.
4. Pedia uma ampla bênção. “Faze resplandecer o Teu rosto”. Isso significa muitas coisas, que também imploramos, a favor da igreja de Deus.Ministros em seus lugares, fiéis em seu serviço.Verdade proclamada em sua clareza. O rosto de Deus não pode brilhar sobre falsidade ou equívoco.Deleite na comunhão. Poder no testemunho. Quando agradamos a Deus, Sua Palavra é Poderosa.
III – A CONDUTA CONSISTENTE É SUGERIDA POR ESS ORAÇÃO.
1. Lancemo-la fervorosamente no coração. Quer para alegria ou tristeza, que a conduta da igreja nos preocupe profundamente.
2. Façamos tudo o que pudermos por ela, ou nossa prece será uma zombaria.
3. Nada façamos para entristecer ao Senhor; pois tudo depende de Seu sorriso.
4. Oremos muito mais do que temos feito. Cada um de nós seja um Daniel.

Cito Thomas Adams: “A igreja pode estar enferma, mas não está morta. Morrer ela não pode, pois o Sangue do Rei Eterno a adquiriu, o Poder do Espírito Eterno agora a preserva, e a Misericórdia do Deus Eterno finalmente a coroará”.

Spurgeon

domingo, 8 de abril de 2012

O homem do céu

O ataque foi tão duro que minha única reação foi me encolher e fixar o pensamento em Jesus, tentando não pensar na dor. Por fim, perdi a consciência.O incidente foi tão violento que só não morri por milagre. Mais tarde, as palavras do salmista me vieram à mente: “Não fosse o Senhor, que esteve ao nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós, e nos teriam engolido vivos, quando a sua ira se acendeu contra nós; as águas nos teriam submergido, e sobre a nossa alma teria passado a torrente; águas impetuosas teriam pássaros sobre a nossa alma. Bendito o Senhor, que não nos deu por presa aos dentes deles. Salvou-se a nossa alma, como um pássaro do laço dos passarinheiros; quebrou-se o laço, e nós nos vimos livres. O nosso socorro está em o nome do Senhor, criador do céu e da terra”, (Sl 124:2-8).Acordei numa cela no quartel general de Departamento de Segurança Pública da cidade de Zhengzhou. O Irmão Xu e outros líderes estavam comigo. Eu me encontrava coberto de lama das botas dos oficiais, minhas orelhas estavam inchadas por causa da surra, e eu não conseguia ouvir muito bem.Ficamos sabendo que a ordem para nos prender viera do governo central de Pequim, que havia descoberto que planejávamos nos unir. As igrejas domésticas isoladamente já representavam um espinho na carne para o estado comunista ateu. Sendo assim, a perspectiva do que poderia acontecer se nos uníssemos gerou terror nos escalões mais altos do governo. A ordem de Pequim determinava que as autoridades da Província de Henan deveriam tratar nosso caso com extrema seriedade. Os governantes desconheciam que o Reino de Deus não é deste mundo e temiam que os debates sobre a unidade resultassem em um partido político de oposição que poderia ameaçar a estabilidade do país.As autoridades filmaram e fotografaram nossa detenção. A notícia vazou da China para o resto do mundo.Sofremos torturas horrendas. Fomos algemados e amarrados juntos, com cordas, e depois surrados com varas e cassetetes. Não ficaríamos surpresos se nos levassem e nos executassem sem nenhum aviso.Em minha audiência no tribunal o juiz declarou:- Yun, estou farto de você. Vem fazendo oposição ao governo e virando a sociedade de cabeça pra baixo há anos. Fugiu da prisão muitas vezes. Sua última façanha foi pular de uma janela e quebrar as pernas. Responda, Yun, se você tiver oportunidade, vai tentar fugir de novo?Pensei um pouco e respondi com a verdade:- É uma boa pergunta, senhor juiz. Não vou mentir. Se eu tiver oportunidade, vou tentar fugir. Fui chamado para pregar as boas novas por toda a China, e tenho de fazer tudo o que for possível para obedecer ao chamado que Deus colocou em minha vida.Minha resposta enfureceu a todos: juiz, guardas e oficiais do tribunal. O juiz falou com rispidez:- Que ousadia falar isso, seu delinqüente! Vou quebrar suas pernas definitivamente, e você nunca mais vai conseguir fugir!Fui levado a uma sala de interrogarório, onde vários guardas me forçaram a sentar no chão, com as pernas separadas. Implorei que não batessem em minhas pernas fraturadas, mas um homem de aparência sinistra endureceu o coração e pegou o cassetete. Para garantir que eu nunca conseguiria fugir, golpeou minhas pernas repetidas vezes, entre os joelhos e os tornozelos. Dilacerou-as até que eu não suportei mais a dor. Desabei ali no chão, gritando como um animal ferido. A dor excruciante percorria todo o meu corpo e também a mente. Tudo que eu podia fazer era tentar focalizar o pensamento no Senhor Jesus e em Seu sofrimento na cruz.Tive certeza de que iria morrer, mas Deus me sustentou porque ainda não havia concluído a obra em mim. Minhas pernas ficaram completamente pretas do joelho pra baixo, e perdi a sensibilidade nelas. Meu corpo todo doía e havia hematomas da cabeça aos pés.Yun foi libertado por uma ação direta do Senhor, no tempo perfeito de Deus, depois de cumprir apenas 7meses e 7dias da sentença de 7anos. Agora estávamos no aeroporto, aguardando sua chegada. Será que viria doente, cansado e abatido, depois de uma provação terrível?De repente, Yun apareceu no portão de desembarque, muito diferente do que prevíamos. O rosto brilhava, e o sorriso ia de uma orelha a outra.“Louvado seja Deus! Aleluia!” foram suas primeiras palavras. “Glória a Deus!”Nós nos demos as mãos e curvamos a cabeça em oração de gratidão. Enquanto isso os demais passageiros passavam por nós apressadamente, rumo aos balcões do aeroporto, olhando-nos espantados.O Irmão Yun é conhecido em toda a China como o “Homem do Céu”, por causa de um incidente ocorrido em 1984, quando se recusou a revelar às autoridades sua verdadeira identidade para não colocar em perigo outros cristãos. Diante das ameaças e da violência do Departamento de Segurança Pública, em vez de dizer seu nome e endereço, ele gritava:“Sou um homem do céu! Meu lar é o céu!”Os crentes, que ainda estavam reunidos em uma casa próxima, ouviram os gritos e perceberam que era um aviso. Fugiram e, por isso, escaparam da prisão.Em sinal de respeito a coragem e ao amor de Yun pelo corpo de Cristo, os crentes da igreja doméstica da China o chama até hoje de “Homem do Céu”.Yun é o primeiro a reconhecer que há muita coisa nele que não tem nada de celestial! Como todos nós, enfrenta tentações e fraquezas, mas ele sabe que, sem a Graça de Jesus, não tem nenhum valor. Uma vez, ele disse a Deling, sua esposa:“Não somos absolutamente nada. Não temos nada de que nos orgulhar. Não possuímos habilidades nem coisa alguma a oferecer a Deus. O fato de Ele decidir nos usar decorre unicamente de Sua Graça. Não é mérito nosso. Não poderíamos nem pensar em nos queixar se Ele resolvesse levantar outras pessoas para cumprir Seus propósitos, sem nunca mais nos usar”.Oswald Chambers escreveu: “Se você der a Deus o direito de controlar sua vida, Ele fará de você um experimento santo. E os experimentos d’Ele sempre dão certo”. Com toda certeza isso se aplica ao Irmão Yun. Desde que se encontrou com Jesus Cristo, ele vem se empenhando em servi-Lo de todo o coração. Conhecer suas experiências e aprendizado pode servir de encorajamento para cristãos – de qualquer parte do mundo – que estejam empenhados em seguir o Senhor Jesus.O testemunho do irmão Yun reflete a fidelidade e a bondade de Deus. Mostra que o Senhor pegou um garoto faminto de uma vila pobre da Província de Henan, na China, e o usou para abalar o mundo. E em vez de se fixar nos muitos milagres ou nos sofrimentos que presenciou e experimentou, Yun prefere contemplar o caráter e a beleza de Jesus Cristo. Deseja que todo o mundo conheça Jesus como ele conhece, não como uma figura histórica e distante, mas como o Deus Todo-Poderoso, capaz de todas as coisas, sempre presente, cheio de amor.Alguém disse: “Não são os grandes homens que transforma o mundo, mas sim os fracos, nas mãos de um Grande Deus”.Quem conhece o Irmão Yun sabe que ele é um servo humilde de Deus, que não deseja que nada em sua vida traga glória para si mesmo nem para qualquer outro homem.O Irmão Yun deseja que sua história conduza toda atenção e toda glória para o Único Homem do Céu – o Senhor Jesus Cristo.Irmão Yun

domingo, 1 de abril de 2012

A Oliveira Fiel

“Porém a oliveira lhes respondeu: Deixaria eu do meu
óleo, que Deus e os homens prezam em mim, e iria pairar sobre as árvores?”,
(Jd9:9).

As árvores estavam sob o governo de Deus, e não
queriam rei; mas nesta fábula, elas “se foram”, e desse modo renunciaram a seu
verdadeiro lugar. Então procuraram ser iguais aos homens, esquecidas de que
Deus não as fizera, a fim de se comformarem a uma raça decaída. Revoltando-se,
elas se esforçaram por aliciar as melhores, que haviam permanecido fiéis.
I – AS PROMOÇÕES APARENTES NÃO DEVEM ATRAIR-NOS
A pergunta a ser feita é: “Deixaria eu?”
A ênfase deve recair sobre o pronome eu. Deixaria eu? Se Deus me deu dons
peculiares ou graça especial, é para que eu
passe a brincar com esses dons? Deveria eu abrir mão deles, a fim de obter
honra para mim mesmo? (Ne6:11). Uma posição mais elevada pode parecer
desejável, mas seria certo obtê-la a tal custo? (Jr45:5).
Posso esperar a bênção de Deus sobre trabalho
estranho? Formule a pergunta no caso de riqueza, honra, poder, que são postos
diante de nós. Deveríamos agarrar-nos a eles, com risco de viver menos em paz,
de sermos menos santos, menos dados à oração, menos úteis?
II – NÃO SE DEVE BRINCAR COM AS VANTAGENS REAIS
A maior vantagem da vida é ser útil, tanto para Deus
como para os homens. “Por mim elas honram a Deus e ao homem”. Devemos prezar
esse alto privilégio de todo o coração.
Também podemos opor-nos às tentações, refletindo que a
perspectiva é surpreendente. “Deixaria eu o meu óleo?” para uma oliveira fazer
isso seria desnatural: para um crente deixar a vida santa seria pior, (Jó6:68).
O
retrospecto seria terrível – ‘deixar o meu óleo”. O que deve significar deixar
a Graça, a Verdade, a Santidade de Cristo? Lembre-se e Judas.
Tudo
terminaria em desapontamento, pois nada poderia compensar a perda do Senhor.
Tudo o mais é morte, (Jr17:13).
III
– DEVE-SE TIRAR PROVEITO DA TENTAÇÃO.
Aprofundemos
mais a raiz. A mera sugestão para deixar nosso óleo deveria fazer que nos
agarrássemos mais depressa a ele. Sintamo-nos mais contentes, e falemos mais
carinhosamente de nosso estado de Graça, para que ninguém ouse seduzir-nos.
Quando Satanás nos vê firmados de modo feliz, tem menos esperança de
derrotar-nos.

Muitos,
com o fito de obter salário mais elevado, têm deixado o companheirismo santo e
oportunidades sagradas de ouvir a Palavra e crescer em Graça. Tais pessoas
são tão tolas como os pobres índios, que deram ouro aos espanhóis , em troca de
miçangas. As riquezas obtidas com o empobrecimento da alma sempre constituem
maldição. Aumentar os negócios de sorte que não possam comparecer aos cultos é
tornar-se realmente mais pobres; abrir mão do prazer celestial e, em troca,
receber cuidados terreais é uma lamentável variedade de comércio. (George
Herbert).

Spurgeon, “Esboços Bíblicos”, Shedd Publicações,