Gente boa pode
subir numa torre e a torre desabar com ele – e isso é uma tragédia, um absurdo,
sem explicação. Qualquer um pode ser objeto do capricho de um poderoso que
acordou mal-humorado e resolveu fazer do outro um bagaço. E o Evangelho tem que
caber é na realidade da existência. É por isso que Seus mandamentos não têm
romantismo: ore pelo inimigo, pelo que o persegue; não deixe que ele o desvie
do seu caminho. Entregar uma túnica para ele sai barato; o que sai caro é ficar
brigando com esse bicho doido. Ele quer sua capa, quer sua túnica? Deixe-o
levar; passe no seu caminho e deixe-o ficar brigando, não perca seu tempo com isso.
Ele não vai ficar curado com a sua argumentação. Então, siga.
Em Jesus não há
nenhuma estratégia de empolgação. Leia os evangelhos e veja como em todas as
vezes que os discípulos estão ficando empolgados, Jesus os leva para um choque
anafilático: tira-os da transfiguração e os joga logo na cara de um endemoninhado
de quem ninguém conseguiu expulsar o demônio; abaixa a bola de todo mundo. E se
não for assim, nós surtamos; ou morremos com raiva de Deus.
Alguém pode
perguntar: raiva de Deus? Sim. A maior parte das pessoas que eu conheço com
raiva de Deus tem essa fé Polyana moça, essa fé do tudo vai dar certo! Esses estão
fadados a ficar com raiva de Deus, porque a vida não será assim. Deus não
realizará essa Disneylândia para nenhum deles. E como a coisa veio até eles
como promessa de Deus – embora de Deus promessa -, ao final, a conta é paga e é
mandada para a celestialidade com um: Por que, Senhor, me deixaste? Por que me
enganaste? Por que perdi dez anos, por que esperei tanto tempo?
Quem não quer
fazer o caminho do autoengano que faça uma viagem profunda no livro de
Provérbios, todo dia (são 31 capítulos, da pra ler, todo mês, o livro todo), e
então verá, preto no branco, que não dá para semear espinho e colher uva,
nunca! É simples assim.
Quero aqui
fazer uma convocação, à semelhança do que Jesus fez com os discípulos,
insistindo com eles no tema do qual fugiam. Forçando-os a parar com a
alienação, com a evasão, com o autoengano, com a tristeza piedosa, com a
desculpa para não encarar o mundo real anunciado pela Palavra de Deus.
As coisas
são como as coisas são. E Deus é maior!
Caio Fábio. O Caminho do discípulo 2. Ed. Prólogos.
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