segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Método de oração

         Os Salmos são a escola para as pessoas aprenderem a orar. Basicamente, a oração é nossa resposta ao Deus que fala conosco. A Palavra de Deus sempre tem a primazia. Ele sempre fala primeiro. Nós respondemos. Vivemos num mundo ao qual Deus fala. Devemos aprender a responder, de verdade – não apenas dizer “Sim, Senhor’, “Não, Senhor” – com todo nosso ser. Somos muito pouco desenvolvidos nesse mundo ao qual Deus fala. Aprendemos bem como falar com nossos pais, passar nos exames em nossas escolas e conferir o troco na loja, mas e falar com Deus? Vamos nos contentar com tentativas e erros? Vamos nos satisfazer com o que ouvimos nas ruas? Israel e a Igreja colocam os Salmos em nossas mãos e dizem: “Aqui, esse é o nosso texto. Pratique essas orações e aprenderá toda a vastidão e profundidade de nossa vida em resposta a Deus.
Durante mil e oitocentos anos, quase toda a igreja usou esse texto. Somente nos últimos duzentos anos é que ele foi descartado para dar lugar aos livros devocionais da moda, estimulantes psicológicos, e caminhadas numa praia à luz da lua.
Os Salmos, é claro, não são “devocionais”, “psicológicos”, ou “românticos”. Não valem nada para nós nessas áreas. Sua utilidade está num elemento askesis, uma forma para nossa situação amorfa.
Não falta em nós impulso para orar e fazer pedidos. Constantemente, desejos e exigências nos lembram de orar. Então, por que existem tantas vidas sem oração? Simplesmente porque “o poço é fundo, e você não tem nada para pegar a água”. Precisamos de um vaso. Precisamos de algo para colocar a água. Desejos e exigências são uma peneira. Precisamos de um vaso adequado para fazer descer desejos e exigências até o fundo do Poço de Jacó da Presença e da Palavra de Deus, e trazê-los de volta à superfície. Os Salmos são esse vaso. Eles não são a oração em si, mas o vaso mais adequado para a oração que já foi criado. Recusar-se a usar esse vaso de salmos, depois de compreender sua função, é errar de propósito. Não é possível fazer um vaso de outro formato e material que o substitua. Certamente já houve várias tentativas. Mas por que nos contentarmos com isso, quando temos esse vaso maravilhosamente criado e amplamente dimensionado que ganhamos e temos à mão?
 
Eugene Peterson. A vocação espiritual do pastor.

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