Se alguém quer ser Meu discípulo,
diz Jesus, o indivíduo tem de tomar
consciência de que existe uma montanha de impressões sobre si que precisa ser
jogada fora. O discípulo tem de encarar os fatos e fazer a viagem “após Mim,
olhando para Mim, tendo a Mim como sua única referência, dando-Me razão em tudo”
– é o que Jesus está dizendo. E ainda que, de forma sofrida, tenhamos de dizer:
O Senhor tem razão. Mesmo não gostando das razões de Deus, como Abraão, que não
achou nada gostoso, nada delicioso, nem foi cheio de gozo, nem de gáudio, nem
falando em línguas ou profetizando, andando para o Monte Moriá. Não. Ele foi
gemendo, mas foi. E quando viu o monte, chamou os servos e disse: “Ficai aqui,
e eu e meu filho, tendo ido e adorado, voltaremos para junto de vós”. Mas ele
não disse: Aleluia, nós somos levitas do monte Moriá! Não era essa adoração
panaca. Era adoração que se adora com dor, com perplexidade, sem entender nada,
mas dizendo: Tu És Deus, e, contra tudo o que sinto, eu vou. Isso é “após Mim”.
O caminho do discípulo é o
caminho das abençoadas desilusões das eternas verdades. O caminho do discípulo
vai reduzindo a vida ao pouco que seja necessário, ambicionando chegar o dia em
que ele diga: Basta-me uma coisa somente. Esse é o Caminho.
Olhe para dentro de você e
pergunte se você quer esse Caminho.
O Evangelho é assim... São as
decisões de andar após Ele. De dizer: Eu dou razão ao Evangelho na minha
vida. Não temos de fazer uma reflexão secundária
de como vamos tratar o nosso inimigo. Jesus já disse como é que ele tem que ser
tratado. Não temos de fazer reflexão secundária e nem ponderar com Deus o
tamanho das nossas raivas, das nossas justiças ofendidas, dos nossos direitos
aviltados, e que, portanto, temos direito a uma instância superior de vingança.
Ir após Ele é simplesmente entrar em todos os buracos com Jesus; é sofrer na
presença de Jesus, ver a revelação da nossa incoerência na presença dEle,
enquanto somos disciplinados pelo Evangelho, dando lugar à disciplina. Disciplina
do Evangelho, é quando o Espírito Santo coloca na nossa consciência a razão do
Evangelho contra todas as nossas certezas ou opiniões. É quando o nosso coração
diz: Eu quero para mim. Aí começa um caminho que não será perfeito, mas será
perfeitamente imperfeito e gracioso até o dia em que ele se tornar pleno e
total.