EVANGELHO: se for apenas para depois da morte, é espiritismo
premonitório! Sim, é espiritismo sem reencarnação e sem mediunidade de contato
com humanos mortos.
“Evangelho
premonitório” é essa crença que transfere tudo para o além, para o céu. No
espiritismo Kardecista se lê os evangelhos e se diz que Jesus é o espírito de
Luz. Mas os problemas de hoje, ou as limitações desta vida, são transferidas
para o passado. O espiritismo, portanto, é tudo baseado no passado; num passado
que se teria vivido, mesmo que dele não se tenha nenhuma memória.
Já o “Evangelho” que
nada realiza hoje, e que transfere tudo para o céu, é espírita premonitório;
pois, diferentemente do espiritismo Kardecista, que se alimenta do passado e
tem nele suas causas e explicações para os infortúnios desta existência, o
“Evangelho” sem vida e sem Boa Nova para Hoje, alimenta sua existência das
recompensas do céu em contraposição às desgraças desta vida — produzindo não
esperança, mas conformismo e alienação.
Ora, conquanto o
Evangelho carregue a promessa da Glória Eterna, e que é a razão de nossa
esperança —; ele, o Evangelho, se não fizer bem à vida hoje, não é nada; e
muito menos a Boa Nova.
No espiritismo
Kardecista a esperança de hoje é buscar existir num estado de caridade humana,
e, também, de busca de conhecimentos acerca dos modos de se promover o
“desenvolvimento espiritual”. No caso, é o caminho para a mediunidade.
Já no “Evangelho” sem
Boa Nova para Hoje, o que se diz é que a garantia de salvação é a fidelidade à
freqüência à “igreja”. Isto se a pessoa se segurar e não fizer nada “muito
errado”; pois, se fizer, ainda que Deus o perdoe, os discípulos do “Evangelho”
sem Boa Nova haverão de se tornar o próprio cumprimento da Lei do Carma; posto
que eles não perdoam a ninguém que depois de “iniciado” erre de modo
verificável. Assim, nesse caso, não se paga por erros de uma existência
passada, mas de qualquer que seja o passado desta existência —; isto se a
pessoa cometer o erro depois do “batismo”; ou seja: depois de ser “membro da
igreja”.
Quando, porém, se fala do Evangelho mesmo; não
se pode jamais imaginar que alguém possa conhecê-lo e não busque experimentar
os benefícios de sua presença viva em si mesmo; ou seja: na existência da
própria pessoa.
Mesmo um homem no corredor da morte receberá
seu beneficio antes de morrer, se encontrar de verdade o Evangelho, que é
Jesus. O Evangelho de Jesus não é apenas o beneficio da consolação ante a
morte! Não! Se o Evangelho entrar na pessoa, mesmo o Paraíso fica menos
importante do que ouvir Jesus dizer: “Hoje mesmo estarás Comigo...”; pois, de
fato, não há Paraíso sem Jesus; mas onde Jesus está, aí há Paraíso. Além disso,
tratar o Evangelho apenas como uma promessa para depois da morte, é fazer dele algo
tão estranho quanto explicar os infortúnios do presente como sendo o resultado
de vidas passadas — conforme faz o espiritismo Kardecista, por exemplo.
Em outras palavras:
um Evangelho que seja apenas para depois da morte, é, literalmente, uma explicação
espírita da vida, só que invertida; pois se tira a explicação da dor do tempo
passado, antes da presente existência, conforme se ensina no Kardecismo; e se
projeta a explicação para as dores do presente para as consolações do céu.
O Evangelho de Jesus, todavia, não é nem do passado, nem do
porvir, mas do Dia Chamado Hoje.
Assim, o Evangelho não é para o céu, mas para
a Terra. Quem precisa de Boa Nova no céu? Lá tudo isto já não é. Lá é o
cumprimento absoluto de todas as promessas presentes também na Boa Nova. Mas a
grande Boa Nova do Evangelho não é o céu, mas o perdão, a reconciliação, o
descanso; a paz, e a eternidade já presente em nós Hoje.
Aos que se jactam de serem membros disso ou
daquilo, ou mesmo de que possuem pedigree espiritual — o Evangelho diz: “E não
comeceis a dizer: ‘Temos por pai a Abraão! ’ Pois eu vos afirmo que destas
pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão”. Pedras filhas de Abraão são
preferíveis a discípulos do Evangelho que não o conhecem como Boa Nova para a
vida desde Hoje.
Pense nisso!
Nele, que não nos chamou para que a Graça de
Deus se torne vã em nossas vidas,
Caio Fábio
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