terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Quanto a mim descanso em Tua Graça


Salmo 13

1 - Até quando, Senhor? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto?

2 – Até quando estarei relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia? Até quando se erguerá contra mim o meu inimigo?

3 – Atenta para mim, responde-me, Senhor, Deus meu! Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte;

4 – para que não diga o meu inimigo: Prevaleci contra ele; e não se regozijem os meus adversários, vindo eu a vacilar.

5 – No tocante a mim, confio na Tua Graça; regozije-se o meu coração na Tua Salvação.

6 – Cantarei ao Senhor, porquanto me te feito muito bem.


A Bíblia diz que este salmo foi escrito por Davi. E alguém o intitulou ‘oração da fé’. Não sei em que circunstância histórica Davi escreveu este salmo, por isso a leitura que faço dele é segundo minha caminhada com Jesus. Segundo o cumprimento das promessas da Nova Aliança. Do que já está posto e consumado. Assim, eu não o chamaria de ‘oração da fé’, para mim é mais uma descrição da caminhada da fé.

Ele começa indagando sobre a presença de Deus. ‘Até quando Te ocultarás, esconderás o rosto de mim’.

Jesus disse que estará conosco até a consumação dos séculos. Portanto, a Presença de Jesus em minha vida, nossas vidas, não é uma questão. Não há dúvidas. Ele está comigo todos os dias de minha vida posto que me rendi a Seu Senhorio.

Só há uma possibilidade de separação entre eu e Deus, uma única barreira pode ser levantada: o pecado. E aí, neste caso, também a pergunta é infundada. Porque se eu estou separada de Deus por algo que não quero abandonar, o choramingo não encontra resposta. Deus é Misericordioso e Longânimo e tem prazer em perdoar. Assim essa barreira é desfeita conforme o meu quebrantamento. Se com sinceridade me arrependo e clamo para que me perdoe e me cubra com Seu Sangue.

Então, essa oração só encontra espaço na caminhada enquanto não conheço Suas Promessas e Sua Palavra. Depois disso, é uma questão de tomada de decisão. Consertar-me ou não. Render-me ou não.


O segundo versículo relata a luta da alma com a tristeza e o medo das circunstâncias e do porvir.

Essa luta encontra espaço em mim, apenas, enquanto não conheço o Caráter de Deus, enquanto não como do Pão e bebo do Sangue. Ou seja, no Caminho temos que comer e beber de Jesus, temos que experimentá-Lo, ter parte com Ele. À medida que eu O conheço e reconheço em meus caminhos a tristeza e o medo são banidos, porque sei em Quem tenho crido.

Isso só acontece no processo da rendição. Quando entrego a Ele algo que está me pedindo como um sentimento acalentado e cultivado por anos a fio com todo esmero e dedicação...  ressentimento, uma mágoa, por exemplo.

Eu não quero entregar, tenho aquele sentimento me corroendo e torturando a anos, eu o cultivo mantendo as lembranças vivas como se tivesse acontecendo agora, eu o nutro imaginando vinganças e na expectativa de ver o alvo de meus ressentimentos, frustrado e arrependido, me dando razão. Sim, porque eu tenho razão de estar magoada, afinal eu sou ‘maravilhosa’ e aquela pessoa é horrível e agiu terrivelmente me traindo.

Aí, Jesus pede para que entregue esses ressentimentos horrorosos que só fazem mal a mim mesma, porque o outro seguiu sua vida e ‘trinta anos’ depois nem se quer lembra de mim. Só eu estive presa a ele por tanto tempo.

Mas, Jesus pode estar pedindo algo ‘bom’, um sonho, um projeto de uma vida inteira. Algo com o que sonhei por toda minha vida, algo para o que me preparei durante anos, algo que esperei sem desanimar por anos a fio.

Não importa exatamente a coisa em si. Importa que Jesus sabe o que é o melhor para nós e se Ele está pedindo que entreguemos é porque, antes de qualquer outra coisa, o ato de entrega por si mesmo será bom para nós.

A primeira entrega, dói. A gente não quer, há uma luta. Mas depois que a gente entrega cadeias se rompem, somos invadidos pela Alegria e fortalecidos. Nós O experimentamos. Comemos e bebemos d’Ele. Agora, Ele habita em nós. Sabemos que Seu Caráter é realmente Bom, não por ouvir falar, mas porque temos parte com Ele. Daí, cada nova entrega é motivo de alegria. A alma não luta mais com a tristeza e o medo porque foi tomada pela certeza de que a Sua Vontade é Boa, Perfeita e Agradável.

Então, o tempo dessa luta na alma é determinada pelo tempo que eu vou levar para tomar a decisão de conhecê-Lo, confiar n’Ele e entregar tudo. É o tempo até a rendição.


Os versículos seguintes: “Atenta para mim, responde-me, Senhor, Deus meu! Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte; para que não diga o meu inimigo: Prevaleci contra ele; e não se regozijem os meus adversários, vindo eu a vacilar”. 

Essa luta é antes de tudo com minha própria alma e meus desejos e entendimentos, muito mais do que com o inimigo de minha Salvação. “Eu” sou o maior inimigo de mim mesma. Esse “eu” é o que foi construído pelas aparências, pelos interesses, pelos  sentimentos; são as construções que vamos fazendo para fora de nós mesmos sufocando o que de fato somos. Se der lugar a esse meu “eu”, o diabo não tem muito o que fazer além de alimentar minha vaidade.

Aqui quero fazer um pequeno parentesis. Quando estamos em Deus, conhecendo-O, reconhecendo-O, rendendo-me a Ele e obdecendo-O, aí, por paradoxal que pareça, eu sou eu mesma. Sou quem deus me criou para ser. Pois, nesse momento estou livre de todas as formas de opressão que me ofuscam, apagam, distroem, me fazem ser, querer e desejar o que não sou eu de fato. Em Cristo somos livres para ser nós mesmos. Somos livres para ser e, então, poderemos amar ao próximo como a nós mesmos.

 A passagem diz que ele não vê a Deus e que não quer ‘dormir o sono da morte’. Esse sono é a ausência de Deus. Viver sem a Presença de Deus, distante d’Ele por causa de minha rebeldia e recusa em Lhe dar razão e em reconhecê-Lo Senhor, é terrível... é o sono da morte.

De repente, o salmista mudou o rumo da prosa. Mudou o rumo da vida.

Há uma hora em que temos de romper com o “eu” prepotente e soberano que vivia dentro de nós. Parar de choramingar e tomar a decisão da entrega.

“No tocante a mim, confio na Tua Graça; regozije-se o meu coração na Tua Salvação. Cantarei ao Senhor, porquanto me te feito muito bem”.

No tocante a mim, não quero saber de mais nada: sentimentos, valores, entendimentos, vontades, ansiedades, circunstâncias... daqui em diante largo todas essas coisas, deixo-as para trás, onde tiveram muito espaço, e olho firmemente para Ti, Senhor.

“A Tua Graça me basta”! Sei Quem És Tu, o Autor da Vida, o Deus da minha Salvação. Sei o que tens para mim, Vida Eterna, Vida em Abundância de Paz, de Alegria, de Vitória.

“Meu coração se regozija na Tua Salvação”. Nosso alvo é a Nova Jerusalém. Nossos tesouros estão no céu. E o céu não é ‘lá’ longe. O céu é aqui no meu coração para onde Jesus e o Pai vieram e fizeram morada. Nessa terra tristezas ou alegrias, tudo é passageiro. Na Presença de Deus a Alegria é Eterna...  e já começou.

“Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem”. Muito bem... todas as situações são Deus trabalhando em mim para o meu próprio bem. Esse entendimento parece patético a quem não O conhece. Como posso dizer que coisas ‘ruins’ são para o meu bem? Mas quando conhecemos Seu Caráter sabemos que até as que nos parecem ruins se estão sob o Seu Comando Absoluto então redundam em bênçãos para mim. Leia a Bíblia, veja se não é assim.


Quanto a mim, descanso em Tua Graça cantando e adorando ao Senhor que só me faz muito bem!!!

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